sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Dries Van Noten e a moda que vem da Bélgica

O estilista belga Dries Van Noten


Dias corridos para o estilista belga Dries Van Noten. Depois de apresentar sua coleção outono/inverno 2014 em Paris no início da semana, ele inaugura mostra de seus trabalhos no museu Les Arts Décoratifs amanhã, sábado, 1 de março, na capital da moda. 

"É um trabalho de introspecção, uma reflexão sobre mim mesmo, sobre o meu modo de trabalho e minha relação com a arte e outras culturas que me apaixonam", diz Van Noten, que frisou não se tratar de uma retrospectiva.

A curadoria escolheu por colocar as criações de Van Noten ao lado de outras peças do acervo do museu, como vestidos de Cristóbal Balenciaga e Christian Dior, e fazer referência a obras de arte que influenciaram o estilista, como quadros do inglês Francis Bacon e Jacques-Émile Blanche, que fez um retrato de Marcel Proust.

Van Noten fez parte da trupe de belgas que invadiu Londres dentro de uma kombi para participar da semana de moda daquela cidade na década de 80, ao lado de Martin Margiela e Ann Demeulemeeuster. Nunca quis fazer alta-costura, gosta de "roupas usáveis". Sua passarela é sempre colorida, criativa e cool. Cria sapatos, bolsas e óculos também com igual competência.

Mora com o parceiro Patrick Vangheluwe numa casa nos arredores da cidade de Antuérpia, na Bélgica. Quando não está criando suas coleções (e são quatro por ano, masculina e feminina), se distrai cuidando do jardim.  

Para visitar a exposição:

Dries Van Noten - Inspirations
Les Arts Décoratifs – Mode et textile
107 rue de Rivoli
75001 Paris

Telefone. : 01 44 55 57 50
Metrô : Palais-Royal, Pyramides ou Tuileries 

De 1 de março a 31 de outubro

Link para o site do museu sobre a exposição


Acompanhe detalhes do desfile de moda outono/inverno de Dries Van Noten que aconteceu na quarta-feira, 26, em Paris, inspirado no trabalho da designer inglesa Bridget Riley, que fazia op-art.















quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A marcenaria fina e artesanal da Cibeles

Victor Garcia de Miguel imigrou para o Brasil, aos 26 anos, depois de viver as agruras do pós-guerra na Europa, no século passado. O espanhol chegou no Porto de Santos em busca de sobrevivência e dignidade (as vagas para Canadá e Venezuela já haviam esgotado). Na bagagem trazia uma experiência que iria transformar a sua vida: ele havia trabalhado em marcenarias que confeccionavam a mobília da burguesia espanhola. A intimidade com o ofício só fez aumentar as oportunidades no país.

"Isso não existe na Europa, essa fartura de madeira. É aqui que vou ficar", diz Miguel, que considerou até comercializar a matéria-prima quando chegou, mas logo iniciou seus trabalhos na marcenaria fina em 1955. Ali nasceu a Móveis Cibeles. O interesse pelos móveis clássicos e releituras de estilos como Luís 15, Luís 16, Chippendale, mobília chinesa, inglesa e espanhola encantou clientes que compravam os móveis de estilo europeu para decorar suas residências urbanas, fazendas, casas de praia, entre outros.

Em 1974, o êxito comercial levou Miguel a comprar um terreno no Pari, na zona norte da cidade, e construir uma fábrica onde já chegaram a trabalhar 40 funcionários. Alguns anos depois de os filhos Victor e os gêmeos Aureliano e Henrique se formarem, o empresário os convidou para tocar a Cibeles, batizada em homenagem à praça de Madri, onde ele nasceu.

"Quando chegamos, organizamos o catálogo, colocamos preço e começamos a atender os clientes. Só meu pai sabia quanto custavam as peças", lembra Aureliano, que assumiu o controle operacional da Cibeles e manteve a qualidade dos processos, como a confecção artesanal, o uso da meia esquadrilha, ausência de pregos na junção das madeiras e polimento feito à mão.

Com a abertura de mercado, as vendas começaram a ficar menores e o consumidor passou a comprar móveis importados da China, mais econômicos. A mão de obra também escasseou. "Tenho muita dificuldade para encontrar profissionais qualificados", diz Aureliano, que junto com o irmão, pensa em colocar o patrimônio à venda, mas continua atendendo sob encomenda.

O acervo de peças da Móveis Cibeles ocupa os quatro andares da fábrica (são mais de 200 cadeiras, e mais criados-mudos, mesas, aparadores) e são um importante registro da história do mobiliário e dos costumes da sociedade. 




O acervo da Cibeles conta a história dos costumes de sociedades do mundo inteiro: França, Inglaterra, Espanha e Brasil
Cadeira Medalhão de Jacarandá: não existe mais essa madeira


Espaldar folhado a ouro na cadeira que pertenceu a Victor Garcia de Miguel, o "senhor" Cibeles


Palhinha pintada: retrato de uma época


Cadeiras, mesas, espelhos: móveis clássicos que nunca
irão se perder no tempo



O criado-mudo feito e pintado à mão e tampo de mármore (atrás) ficava na residência de Miguel


A fachada da Móveis Cibeles no Pari

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

London calling Simone Rocha

Há quem acredite que a cor que você mais gosta é a cor que melhor lhe cai bem. Eu sou fã do azul-marinho quase preto e toda vez que visto uma peça assim, me elogiam. Adoro!

Fiquei encantada com as peças que a estilista irlandesa Simone Rocha apresentou em Londres durante a Semana de Moda. Muito bem cortadas, românticas e muito práticas, poderiam entrar no meu guarda-roupa sem pedir nenhuma licença.

Simone estudou em Dublin, é filha do estilista John Rocha e se especializou na Central Saint Martin's College, a escola onde também estudaram Stella McCartney, Alexander McQueen e John Galliano. 

Aos 27 anos, já é cativa no calendário fashion e conquistou o aval da imprensa com suas roupas e acessórios. Não deixa de ser divertido o brogue (sapato masculino) que ela criou com salto de acrílico.

Acompanhe as criações recentes de Simone e um pouco do seu estilo.

Mini-trench com saia franzida: feminino e masculino na medida


Sua versão para o casaco de inverno 
Quase terninho com babados: original
 
Vestido com babados: sem ser over
 
Simone Rocha
 

Jan e Simone Rocha: pai e filha no mundo da moda 
Alexa Chung veste Simone Rocha
 
Casaco rosa poderia vestir Audrey Hepburn
 
Lady Gaga prestigiou a estilista na capa de revista Elle
Sapato masculino com toque feminino: salto de acrílico

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tênis glamour

Quando uma ou duas das cultuadas editoras de revistas de moda dos Estados Unidos e Europa começam a aparecer na frente dos desfiles de alta-costura com uma peça de roupa diferente ou acessório, pode ter certeza que ali está nascendo uma nova tendência. 

Foi assim que nasceu a releitura dos tênis de corrida versão fashionista. Depois de cativar as lançadoras de tendências, eles migraram para as passarelas e devem fazer o caminho inverso, em breve, ao chegar às lojas de departamentos.

Chanel saiu na frente e lançou, em sua última coleção, uma série de tênis descolados e purpurinados que deve fazer a cabeça das fãs que celebram a marca. Marc Jacobs também embarcou na onda e lançou os seus. 

Não deixa de ser uma alívio saber que uma opção de calçado confortável vai invadir as prateleiras das lojas, mas um pouco de cautela sempre é bem-vinda, porque tênis de corrida só funciona na academia ou no parque. Afinal, o conforto não precisa estar longe do estilo. 

Acompanhe as fashionistas e faça suas escolhas!

Karl Lagerfeld e seus tênis glamour para Chanel


O tênis-cabeça de Marc Jacobs

As fashionistas já aderiram ao conforto do tênis

As modelos também adotaram o novo visual

A Nike saiu na frente com tênis modernos

A editora de moda Taylor Tomasi Hill

Viviana Volpicella combinou tênis colorido e casaco camelo: a verdadeira lançadora de tendências 



sábado, 15 de fevereiro de 2014

IKEA oferece dignidade e design sustentável para refugiados em parceria com a ONU

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, com a sigla em português ACNUR, e UNHCR em inglês, é um órgão das Nações Unidas criado em 1950. 

Tem como missão dar apoio e proteção a refugiados de todo o mundo. Junto com a Fundação IKEA, o ACNUR anunciou uma importante parceria que fará a diferença para milhares de refugiados no mundo inteiro: um novo abrigo que vai substituir tendas obsoletas e ruins, que duram apenas seis meses. 

Por se tratar de IKEA, o projeto é desmontável, modular e pode ser erguido em quatro horas. Estima-se que a duração do artefato é de três anos. Sabe-se que um refugiado pode ficar nessa situação itinerante por até 12 anos.

O projeto também apresenta uma série de outras vantagens: mais espaço e privacidade, melhor controle de temperatura e coleta de energia solar (o bastante para iluminar o interior à noite). O abrigo está sendo testado na Etiópia antes de ser empregado mundialmente. Os abrigos são apenas a primeira parte de uma colaboração a longo prazo que, espera-se, proporcionará saúde e educação para quem precisa.

O protótipo foi selecionado como um dos três finalistas para o World Design Impact Prize 2014. Os outros dois apresentam uma seringa que não pode ser reutilizada (ela muda de cor depois de utilizada), e um fogão ecológico que armazena energia.

Independente desse reconhecimento, o projeto do abrigo já é vencedor por fazer a diferença na vida de milhares de refugiados distribuídos pelo mundo. O finalista será anunciado no dia 28 de fevereiro, na Cidade do Cabo, na África do Sul. 

Conheça o projeto em fotos e o vídeo (em inglês) que mostra como o abrigo é construído. 

Refugiados na Etiópia
Os abrigos podem chegar a outras partes do mundo em breve




segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Jornalismo depressão





Meu nome é Vanessa Andrade, tenho 29 anos e acabo de perder meu pai.
Quando decidi ser jornalista, aos 16, ele quase caiu duro. Disse que era profissão ingrata, salário baixo e muita ralação. Mas eu expliquei: vou usar seu sobrenome. Ele riu e disse: então pode!
Quando fiz minha primeira tatuagem, aos 15, achei que ele ia surtar. Mas ele olhou e disse: caramba, filha. Quero fazer também. E me deu de presente meu nome no antebraço.
Quando casei, ele ficou tão bêbado, que na hora de eu me despedir pra seguir em lua de mel, ele vomitava e me abraçava ao mesmo tempo.
Me ensinou muitos valores. A gente que vem de família humilde precisa provar duas vezes a que veio. Me deixou a vida toda em escola pública porque preferiu trabalhar mais para me pagar a faculdade. Ali o sonho dele se realizava. E o meu começava.
Esta noite eu passei no hospital me despedindo. Só eu e ele. Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida e cuidar da minha mãe e meus avós. Ele estava quentinho e sereno. Éramos só nós dois, pai e filha, na despedida mais linda que eu poderia ter. E ele também se despediu.
Sei que ele está bem. Claro que está. E eu sou a continuação da vida dele. Um dia meus futuros filhos saberão quem foi Santiago Andrade, o avô deles. Mas eu, somente eu, saberei o orgulho de ter o nome dele na minha identidade.
Obrigada, meu Deus. Porque tive a chance de amar e ser amada. Tive todas as alegrias e tristezas de pai e filha. Eu tive um pai. E ele teve uma filha.
Obrigada a todos. Ele também agradece.
Eu sou Vanessa Andrade, tenho 29 anos e os anjinhos do céu acabam de ganhar um pai.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Alexander Wang: inverno cravejado de bolsos, texturas e botas para as mulheres modernas

Para o estilista Alexander Wang, tudo o que uma mulher moderna precisa no outono/inverno é um casaco e um par de botas. Aos 30 anos, ele dirige sua própria marca e também a maison Balenciaga. Acompanhe as criações que ele apresentou na Semana de Moda de Nova York. Power suits cravejados de bolsos, botas e texturas. Todo mundo vai copiar. E você vai querer comprar.  


Um casaco (militar) cheio de bolsos para guardar tablet, celular, batom e um par de botas: pronta para o inverno

Comprimento anos 60, simplicidade e praticidade anos 2014

Executiva moderna e chique

Saia de couro prensada e pulôver com textura: diferente na multidão

Vestido camisa turquesa: inverno colorido

Terninho com aplicação de plaquinhas: Blade Runner é aqui

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Pelas graças de Grace, muito original aos 65 anos

Ela hipnotizava as plateias com sua beleza, sua voz, sua altura, sua androginia. Era impossível chegar numa pista de dança de uma casa noturna da década de 80 e não requebrar ao som da deusa negra. 

Os fãs da cantora jamaicana já podem comemorar. Há uma verdadeira onda trazendo de volta a diva que nunca parou de fazer shows, mas diminuiu o ritmo de lançamentos de discos e turnês.

A estilista italiana Donatella Versace homenageou a cantora em sua última coleção nas passarelas. Capuzes alta-costura puderam ser vistos nas cabeças das modelos, fazendo alusão ao figurino que Grace adorava usar, junto com seu cabelo cortado em formato de caixa, maquiagem extravagante e chapéus igualmente escandalosos.

Outra aparição da musa, que tem inacreditáveis 65 anos, aconteceu ontem no baile filantrópico de gala da AmFar, entidade criada por Elizabeth Taylor para pesquisas sobre a aids. Ela surgiu linda no palco, de capa, maiô e chapéu coco de paetês, encantando a plateia vip e doadora de muitos dólares. 

Para os que sentem falta de Grace, há rumores, ainda não confirmados, de que ela vai lançar um novo trabalho e uma turnê no final de 2015. Enquanto ela não chega, conheça seu estilo e seu jeito de cantar, sempre único e muito original. 


Em retrato icônico do artista Jean Paul Goude,
com quem Grace Jones se casou e teve um filho

Ela faz prova de roupa com Azzedine Alaïa, o tunisiano
que o mundo da moda reverencia até hoje

Nunca um capuz foi tão fashion. A negra foi modelo no início de sua carreira em Nova York e ela adorada por Andy Warhol 
Donatella Versace homenageou Grace na passarela

Capa do disco Island Life

Capa do disco Slave to the Rhythm, nome de uma das músicas
mais conhecidas da cantora

Grace no palco da AmFar - deslumbrante aos 65

E abaixo, Grace canta La Vie En Rose, vestida de rosa, na década de 80, e na festa das comemorações do Jubileu da Rainha da Inglaterra, de espartilho e bambolê, em 2012