quarta-feira, 13 de maio de 2015

Muito romântico, Nilton Bicudo leva ao palco sua paixão pelo comportamento humano

Nilton Bicudo em dois momentos: como Myrna, a conselheira sentimental, e seu Nini, um senhor que se avizinha da morte. 



Nilton Bicudo é um cara do palco e da plateia. Ele domina os dois. Em pouco espaço de tempo, tive o prazer de poder assistir a duas peças que ele encenou no mesmo espaço, o teatro Eva Herz, que fica dentro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. 

Em Myrna sou Eu, ele é Myrna, uma conselheira sentimental que lê cartas de ouvintes no ar. Em A Graça do Fim, ele interpreta seu Nini, um senhor às voltas com as agruras da terceira idade. 

Tamanha versatilidade no palco tem muito estudo, muita paixão e muita dedicação. Conversei com o ator para entender o que tem por trás desse talento. Além de ser fã de Dercy, Bibi, "Fernandas", Bette Davis e Mazzaropi, Bicudo é obcecado por notícias de política e crimes. 

Sobre a tendência às comédias nos palcos brasileiros, ele diz: "O riso é uma benção, faz bem. Na infância fiz uma representação de Pato Donald na escola, e quando me virei de costas pra sair do palco o público gargalhou porque viu o rabinho do Pato costurado na parte de trás do meu calção. Tomei um susto e gostei". Que delícia de papo. Acompanhe. 



CCP: Em pouco espaço de tempo, você esteve no mesmo palco, interpretando Myrna, uma conselheira sentimental, e seu Nini, um senhor que se avizinha da morte. Como é que você sai de um e entra no outro personagem de maneira tão convincente? Como é seu trabalho de corpo? 

Nilton Bicudo: Faço essas personagens com a segurança de ter o Elias Andreato como diretor nos dois espetáculos. O Elias é um artista maravilhoso. Tive muito contato com Fauzi o que facilitou a composição do Seu Nini. E a Myrna é um trabalho de observação do feminino da vida toda. Meu físico e voz ajudam em meu trabalho de ator, e essas personagens são adequadas para meu temperamento.



CCP: É notório em seu trabalho que você gosta de "explorar" as vicissitudes do ser humano, ou seja, as loucuras que adoramos ver no palco, nos identificamos. Em um primeiro momento, há o riso, e, depois, o choro. Por que fez essa escolha de trabalho?

Nilton Bicudo: Sempre fui romântico, movido pela paixão, rodrigueano. Adoro psicologia e os detalhes nas pessoas.O humor vem daí, esse choque entre a realidade e o sonho que nos deixa atônitos.


CCP: Descreva as sensações das platéias das duas peças. E o camarim, como é? Quem te visita? O que tira de lá e leva pra casa?

Nilton Bicudo: Na Myrna, o público primeiro raciocina e depois ri, na Graça do Fim, o público ri primeiro e depois raciocina. O camarim das duas peças é bem calmo e com integração total com a equipe técnica. Me visitam no camarim as produtoras, o André Acioli e o Elias Andreato. Levo pra casa o calor do público.

CCP: Quais são os atores ou diretores que te inspiram? (podem ser brasileiros ou internacionais)

Nilton Bicudo: Dercy, Bibi, Paulo Autran, Raul Cortez, Juca de Oliveira, Elias Andreato, Fauzi Arap, Irene Ravache, Denise Fraga, Walderez de Barros, Karin Rodrigues, Miriam Mehler, Antonio Fagundes, Walmor Chagas, Bette Davis, Marília Pera, Fernandas, Glória Menezes, Norma Aleandro, Clarisse Abu, Mariana Lima, Tônia Carrero, Mazzaropi, Matheus Nachtergaele.

CCP: O público que vai ao teatro quer rir? O que pensa disso?

Nilton Bicudo: O riso é uma benção, faz bem. Na infância fiz uma representação de Pato Donald na escola, e quando me virei de costas pra sair do palco o público gargalhou porque viu o rabinho do Pato costurado na parte de trás do meu calção. Tomei um susto e gostei.

CCP: Há quantos anos você faz teatro e qual a peça que te traz a melhor lembrança (que você tenha assistido)?

Nilton Bicudo: Desde a infância, quando estudei no Colégio Teresiano e teatro fazia parte do currículo. Profissionalmente há 25 anos, comecei como lanterninha num show da Claudia Raia, que já era uma estrela. Lembro de tantas peça que vi, vou citar As Boas, de Jean Genet com Raul Cortez, Zé Celso e Marcelo Drummond, Master Class com Marília Pera e elenco com direção de  Jorge Takla e Piaf, com Bibi Ferreira, Paulo Autran, Iris Bruzzi e elenco com  direção de Flávio Rangel.

CCP: Você mora em São Paulo? O que acha da gestão da cidade quando o assunto é política cultural? Gostaria de fazer alguma sugestão à prefeitura ou estado?

Nilton Bicudo: Acho boa, destaco o Circuito São Paulo de Cultura da Secretaria Municipal, que oferece espetáculos gratuítos de alta qualidade e em todos os gêneros, em teatros públicos. Pelo Estado, destaco o Circuito da APA , que leva os espetáculos pelo interior de São Paulo. Amo viajar com teatro.

CCP: O que você lê nas horas de folga?

Nilton Bicudo: Tenho lido bem menos do que lia. Sou obcecado por notícias de política, ciência e crimes. Adoro programas de animais na TV.

CCP: Qual é a próxima peça?

Nilton Bicudo: Ainda quero fazer muito as duas. Myrna viaja a partir de agosto pelo interior de São Paulo e ano que vem vamos pro Rio de Janeiro. A Graça  do Fim está em temporada encontrando o seu público, e espero firmar com ela.

CCP: Gostaria de contar algo que eu não perguntei?


Nilton Bicudo: Apenas quero convidar seus leitores para virem assistir A Graça do Fim, uma comédia deliciosa, que faz pensar sobre aspectos da terceira idade, com humor e delicadeza. Todo sábado fazemos uma matinê às 18h.




FICHA TÉCNICA

Autoria: Fauzi Arap
Direção: Elias Andreato
Elenco: Nilton Bicudo e Cleiton Santos
Assistência de Direção: André Acioli
Trilha Sonora: Jonatan Harold
Voz: Daniel Maia
Iluminação: Adriano Tosta
Cenografia e Figurinos: Elias Andreato
Produção Executiva: Rosy Farias
Produção: Solo Entretenimento
Comédia Dramática, Adulto, 60 min.

TEMPORADA
De 4 de abril até 27 de junho de 2015
Sábados, às 18h
Ingressos: R$ 40,00 (inteira)
Teatro Eva Herz - São Paulo
Unidade: Conjunto Nacional
Endereço: Av. Paulista, 2073 - Bela Vista - São Paulo/SP
Capacidade
168 (quatro lugares para cadeirantes)
Bilheteria
Terça a Sábado, das 14h às 21h
Domingos, das 12h às 19h
Equipe São Paulo:
Direção Artística - Dan Stulbach
Gerência - André Acioli
Gerência Técnica - Hélio Schiavon Junior
Assist. Operacional - Eduardo Cardoso

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