Roger Ballen, Transfigurações, Fotografias, 1968, 2012, é a primeira mostra de trabalhos do profissional na América Latina. E o tom é de retrospectiva. Ele começa fotografando a "rua". Instantâneos de pessoas aos poucos vão dando espaço para uma sensacional série chamada Platteland. Depois de se mudar para a África do Sul na década de 70, em plena vigência do apartheid, ele vai atrás de brancos sujos, marginalizados e pobres para mostrar que a cor da pele não significa que alguém é rico ou pobre.
A partir dali, Ballen busca, incessantemente, misturar Jung com negativos e nos apresenta uma série de fotografias feitas dentro de uma fábrica abandonada, com pessoas marginalizadas, vivendo sonhos obscuros, ora posando, ora sendo elas mesmas ao lado de animais, fios, sofás rasgados, paredes descascadas. Não dá para saber se aquelas pessoas são reais ou são personagens: o importante é mentalizar a imagem que o artista nos apresenta.
Sempre em branco e preto, as imagens chocam. A condição humana em seu pior estágio. Ao final das salas, mais loucuras construídas na cabeça do artista, com pessoas perturbadas, animais mortos, pássaros, cobras, bonecas degoladas. Tudo arrumadinho na frente da câmera de Ballen. Eu adorei, mas confesso que deixei o museu correndo, com todas aquelas imagens dançando na minha frente. Cheguei em casa e entrei no www.rogerballen.com para pirar mais um pouquinho (a maioria das fotos está lá). A exposição fica em cartaz até 27 de setembro de 2015.
Arames rodopiando (2001), da série Shadow Chamber |
Almoço (2001), da série Shadow Chamber |
Eulogia (2004), da série Boarding House |
Fragmentos (2005), da série Boarding House |
Cabeça dentro da camiseta (2001), da série Shadow Chamber |
Carniceiro (2004), da série Boarding House |
Engaiolado (2011), da série Asylum of the Birds |
Possuídos (2009), da série Asylum of the Birds |
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